domingo, 15 de abril de 2012

Éfeso, a Igreja do Amor Esquecido


Éfeso, a Igreja do Amor Esquecido (Esboço)

Esboço para a Escola Bíblica Dominical da Igreja Evangélica Assembleia de Deus no Jardim das Pedras (São Paulo, SP).


Éfeso, a Igreja do Amor Esquecido

Cidade de Éfeso- Cidade portuária. O maior porto de toda a Ásia ficava nessa cidade. Éfeso também era um centro religioso onde se adorava a Deusa-Mãe conhecida como Artemis (para os gregos) e Diana (para os romanos). No templo da Deusa-Mãe se adorava o imperador de Roma.
Igreja em Éfeso- Fundada provavelmente por Áquila e Priscila que eram oriundos de Corinto (Atos 18.18). O apóstolo Paulo trabalhou nessa igreja por três anos (Atos 20.31). Timóteo também foi pastor de Éfeso (1 Timóteo 1.3) e, de acordo com a tradição, a apóstolo João continuou o trabalho de Paulo em Éfeso.


O que aprendemos com os efésios?
1. É possível deixar o primeiro amor, ou seja, a alegria pela salvação (Salmo 51.12) e ainda assim viver como se fosse um “cristão abençoado”. A Igreja em Éfeso era a igreja dos sonhos onde a ordem ortodoxa e as boas obras imperavam entre um povo paciente e treinado, mas Cristo acusa: “você abandonou o seu primeiro amor”. [Apocalipse 2.4 NVI]
2. É possível praticar boas obras, ou seja, ser um “cristão militante” e ainda assim perder o amor ao Senhor. O próprio Cristo fala: “Conheço as suas obras, o seu trabalho árduo e a sua perseverança” [Apocalipse 2.2 NVI]. Paulo aos coríntios: “Ainda que eu dê aos pobres tudo o que possuo e entregue o meu corpo para ser queimado, mas não tiver amor, nada disso me valerá”. [1 Coríntios 13.3 NVI]
3. É possível defender a doutrina correta e deixar o amor ao Senhor. Cristo releva que os efésios eram bons ortodoxos: “Sei que você não pode tolerar homens maus, que pôs à prova os que dizem ser apóstolos mas não são, e descobriu que eles eram impostores” [Apocalipse 2.2 NVI]. É o nosso dever defender e proclamar a “sã doutrina”, mas a vida cristã não se resume a um credo correto. Além da crença em Cristo, também precisamos viver para Ele.
4. É possível sofrer pela causa cristã e ainda assim deixar o amor ao Senhor. Cristo fala aos efésios: “Você tem perseverado e suportado sofrimentos por causa do meu nome, e não tem desfalecido”. [Apocalipse 2. 3 NVI].
5. O caminho do arrependimento é o reconhecimento da queda. E o arrependimento em si é a volta ao estado original. Cristo adverte: “Lembre-se de onde caiu! Arrependa-se e pratique as obras que praticava no princípio” [Apocalipse 2.5]
6. Negligenciar o arrependimento é desprezar a ligação e o cuidado do Senhor por sua igreja. Cristo adverte: “Se não se arrepender, virei a você e tirarei o seu candelabro do seu lugar”. [Apocalipse 2.5]
7. Jesus não requer mais e mais “ativismo cristão”, mas sim a prática das boas obras banhada pela amor. Eu posso orar mais, doar mais, cantar mais e viver de ativismo em ativismo, mas tudo será vão se eu o fizer pela tradição ou inércia de uma vida cristã já envelhecida pelo tempo. É necessário agir com obras, mas motivado pelo amor ao Senhor.
8. É possível esfriar o por aquilo que é bom e ainda assim manter o ódio pelo que é mal. Os efésios odiavam as “obras dos nicolaítas” e o Senhor Jesus também. Voltar o primeiro amor não anula o zelo pela doutrina. Sim, é possível esfriar o amor pelo Senhor e ainda manter o ódio pelo pecado e pela heresia.
9. Um passado glorioso não é garantia de um futuro brilhante. Uma igreja não pode viver de seu passado cheio de milagres, líderes devotos e ações extraordinárias. É importante destacar o presente, pois é preciso saber que o amor ao Senhor permanece hoje. É possível começar bem e acabar mal.




Doutrina e Prática

O problema chave da Igreja em Éfeso: Uma igreja sadia na doutrina e no zelo das obras, mas que deixou o amor esfriar. Uma igreja com doutrina correta (ortodoxia) e prática correta (ortopraxia). O grande problema dos efésios era a motivação dessa doutrina e práticas exemplares. Os efésios perderam o foco em Cristo e deixaram que o passar do tempo fizesse sua relação com o Senhor como algo protocolar. Eram bons de Bíblia e de boas ações, mas não eram apaixonados pelo Senhor que os resgatou. 



ORTODOXIA. Do gr. orthodoxos. Qualidade de uma declaração doutrinário que se acha de acordo com o ensino no Antigo e no Novo Testamentos. Ortodoxia é, também, o conjunto de doutrinas provindas da Bíblia, e tidas como verdadeiras de conformidade com os credos, concílios e convenções da Igreja. ORTOPRAXIA. Do gr. orthopraxia. É o exercício prática, a partir de uma profunda reflexão teórica. É a ação feita após a apreensão de um conceito. No caso da fé cristã, é a ação executada segundo a doutrina bíblica (ou Ortodoxia) ensinada por Jesus de Nazaré.
Texto adaptado: ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. 16 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.





Outros pontos importantes
Atenção! 1) Voltar ao “primeiro amor” não significa se perder em um ativismo militante ou em um resgate de leis e mais leis para cumprir. 2) E nem é voltar-se contra o ensinamento doutrinário ensinando que é mais importante “seguir os passos de Jesus” do que crer em uma mensagem, como dizia equivocadamente o liberal Adolf Harnack: “A verdadeira fé em Jesus não é uma questão de ortodoxia de credo, mas de fazer o que ele fez”. Ora, o “evangelho” de Harnack é pesado demais, pois quem poderá imitar Cristo em essência? É puro moralismo que ensina salvação por obras. Ele diz que crer não é importante, mas sim “imitar Cristo”.Ora, eu devo imitar Cristo para ser cristão ou por que, pela graça divina, Deus me fez cristão? Nesse pensamento de Harnack eu posso crer no meu cachorro como o meu deus-salvador, mas se eu fizer “as obras de Jesus” serei o verdadeiro cristão. Ora, crer que em qualquer “Jesus” não faz diferença na maneira como vou segui-lo? 3) É fato que antes de agir (ortopraxia) é necessário crer (ortodoxia) e não o contrário. A mensagem sempre vem antes do arrependimento. O problema dos efésios não era o agir (ortopraxia) e nem a doutrina (ortodoxia), mas sim a motivação desse agir. 4) Para o cristão não deve existir ortopraxia sem ortodoxia e nem ortodoxia sem ortopraxia. 5) E é bom lembrar que a ortodoxia não salva ninguém e o mesmo é verdade sobre a ortopraxia. A salvação vem pela fé em Cristo. Eu creio e pratico por que O amo?


É importante enfatizar. Os efésios eram bons de doutrina e boas obras. Eles não se cansavam de trabalhar na causa cristã (cf. v. 3). E olha que o trabalho era árduo. Seria um equívoco achar que eles eram somente ortodoxos, sem práxis correta. Não e não, pois os efésios tinham os dois. O problema que tudo isso era desprovido do amor pelo Senhor. Tudo isso era desprovido de graça.

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