domingo, 31 de agosto de 2014

LEI E GRAÇA < A lei mostra-nos o que o homem deveria ser; enquanto que a graça demonstra o que Deus é > AMOROSO.

LEI E GRAÇA < A lei mostra-nos o que o homem deveria ser; enquanto que a graça demonstra o que Deus é > AMOROSO.

PCamaral: A Lei Mosaica e Seu Significado Atual

PCamaral: A Lei Mosaica e Seu Significado Atual: Por Samuel Rindlisbacher no portal Chamada Cristãos renascidos precisam obedecer à Lei de Moisés ou estão dispensados de cumpri-la? ...

A Lei Mosaica e Seu Significado Atual



Por Samuel Rindlisbacher no portal Chamada

Cristãos renascidos precisam obedecer à Lei de Moisés ou estão dispensados de cumpri-la?

Há algum tempo fomos questionados por que escrevemos tão pouco sobre o cumprimento dos Dez Mandamentos, que seria muito importante para receber a bênção de Deus. Perguntas assim confirmam a insegurança que existe entre os crentes em relação à observância da Lei de Moisés.

Na Igreja de Jesus surgem perguntas como: “Ainda devo guardar a Lei?” “Os Dez Mandamentos são obrigatórios?” “Devo guardar o sábado?”, etc. Existem muitas dúvidas em relação à Lei e nossa posição diante de suas exigências. C.H. Mackintosh diz acertadamente em seu livro “Estudos Sobre o Livro de Êxodo” (da Série de Notas Sobre o Pentateuco):
A Lei e a Graça
É da maior importância compreender o verdadeiro caráter e o objeto da lei moral, como nos é apresentada no capítulo [Êx 20]. Existe uma tendência do homem para confundir os princípios da lei com graça, de sorte que nem a lei nem a graça podem ser perfeitamente compreendidas. A lei é despojada da sua austera e inflexível majestade, e a graça é privada de todos os seus atrativos divinos. As santas exigências de Deus ficam sem resposta, e as profundas e múltiplas necessidades do pecador permanecem insolúveis pelo sistema anômalo criado por aqueles que tentam confundir a lei com a graça. Com efeito, nunca podem confundir-se, visto que são tão distintas quanto o podem ser duas coisas. A lei mostra-nos o que o homem deveria ser; enquanto que a graça demonstra o que Deus é. Como poderão, pois, ser unidas num mesmo sistema? Como poderia o pecador ser salvo por meio de um sistema formado em parte pela lei e em parte pela graça? Impossível: ele tem de ser salvo por uma ou por outra. (página 203)
Em que consiste a Lei de Moisés?

Quando se faz referência à Lei de Moisés nas igrejas, geralmente está se falando dos Dez Mandamentos. Mas esse é um engano, pois cumprir a Lei Mosaica é muito mais: ela é composta de todo o código de leis formado por 613 disposições, ordens e proibições. Em hebraico a Lei é chamada de Torá, que pode significar lei como também instrução ou doutrina. O conteúdo da Torá são os cinco livros de Moisés, mas o termo Torá é aplicado igualmente ao Antigo Testamento como um todo.

Neste artigo usaremos o termo Torá para designar os cinco livros de Moisés, especialmente a compilação das leis mosaicas, as 613 disposições, ordens e proibições que mencionamos.

• A Lei pode ser dividida em Dez Mandamentos , que no hebraico são chamadas simplesmente de As Dez Palavras. Eles regulamentam a relação do ser humano com Deus e com seu próximo.

• No código mosaico encontramos também o Livro da Aliança das Ordenanças Civis e Religiosas, que explica e expõe detalhadamente o significado dos Dez Mandamentos para Israel.

• O código mosaico ainda contém as leis cerimoniais, que regulavam o ministério no santuário do Tabernáculo e, posteriormente, no Templo. Elas tratavam também da vida e do serviço dos sacerdotes.

Em conjunto, todas essas disposições, ordens e proibições formam a Lei Mosaica. No judaísmo ortodoxo, além dessas 613 ordenanças, há ainda as leis do Talmude, a transmissão oral dos preceitos religiosos e jurídicos compilados por escrito entre os séculos III-VI d.C. A Torá e o Talmude são o centro da devoção judaica.

Jesus Cristo e a Lei de Moisés

“São israelitas. Pertence-lhes a adoção e também a glória, as alianças, a legislação, o culto e as promessas” (Rm 9.4).

É interessante observar que Jesus posicionou-se claramente a favor do código legal mosaico, pois disse: “Não penseis que vim revogar a Lei ou os profetas; não vim para revogar, vim para cumprir”(Mt 5.17). Entretanto, Ele rejeitou com veemência as ordenanças humanas e as obrigações impostas apenas pela tradição judaica (compiladas, posteriormente, no Talmude), afirmando: “Negligenciando o mandamento de Deus, guardais a tradição dos homens. E disse-lhes ainda: Jeitosamente rejeitais o preceito de Deus para guardardes a vossa própria tradição. Pois Moisés disse: Honra a teu pai e a tua mãe; e: Quem maldisser a seu pai ou a sua mãe seja punido de morte. Vós, porém, dizeis: Se um homem disser a seu pai ou a sua mãe: Aquilo que podereis aproveitar de mim é Corbã, isto é, oferta para o Senhor, então, o dispensais de fazer qualquer coisa em favor de seu pai ou de sua mãe, invalidando a palavra de Deus pela vossa própria tradição, que vós mesmos transmitistes; e fazeis muitas outras coisas semelhantes” (Mc 7.8-13).

Jesus defendeu firmemente a Palavra de Deus. Ele considerava o Pentateuco como realmente escrito por Moisés, inspirado por Deus e normativo para Sua própria vida e Seu ministério, pois afirmou:“Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra. Aquele, pois, que violar um destes mandamentos, posto que dos menores, e assim ensinar aos homens, será considerado mínimo no reino dos céus; aquele, porém, que os observar e ensinar, esse será considerado grande no reino dos céus” (Mt 5.18-19).

A quem foi dada a Lei de Moisés?

As passagens bíblicas seguintes documentam que a Lei de Moisés foi dada ao povo judeu, ou seja, a Israel:

– “E que grande nação há que tenha estatutos e juízos tão justos como toda esta lei que hoje vos proponho?” (Dt 4.8).

– “Mostra a sua palavra a Jacó, as suas leis e os seus preceitos, a Israel. Não fez assim a nenhuma outra nação; todas ignoram os seus preceitos. Aleluia!” (Sl 147.19-20).

– “São estes os estatutos, juízos e leis que deu o Senhor entre si e os filhos de Israel, no monte Sinai, pela mão de Moisés” (Lv 26.46).

– “São israelitas. Pertence-lhes a adoção e também a glória, as alianças, a legislação, o culto e as promessas” (Rm 9.4).

A Lei de Moisés foi entregue a Israel

A Lei fez de Israel algo especial, transformando-o em parâmetro para todos os outros povos. A Bíblia exprime essa verdade da seguinte maneira: “Porque tu és povo santo ao Senhor, teu Deus; o Senhor, teu Deus, te escolheu, para que lhe fosses o seu povo próprio, de todos os povos que há sobre a terra”(Dt 7.6). Por conseqüência, o Israel do Antigo Testamento era a única nação cuja legislação, jurisdição e jurisprudência tinham sua origem na pessoa do Deus vivo.

Hoje não é essa a situação de Israel, pois o povo continua incrédulo e não está sob o governo do Messias. No futuro, quando Israel tiver se convertido a Jesus, a Lei divina será seguida por todo o povo judeu. O próprio Deus estabelecerá a teocracia como forma de governo, definirá a legislação e executará justiça em Israel. Sobre a situação vigente quando o Messias estiver reinando, a Bíblia diz:“Deleitar-se-á no temor do Senhor; não julgará segundo a vista dos seus olhos, nem repreenderá segundo o ouvir dos seus ouvidos; mas julgará com justiça os pobres e decidirá com eqüidade a favor dos mansos da terra; ferirá a terra com a vara de sua boca e com o sopro dos seus lábios matará o perverso” (Is 11.3-4).

A situação futura das nações será como descreve Isaías 2.3: “Irão muitas nações e dirão: Vinde, e subamos ao monte do Senhor e à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e andemos pelas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e a palavra do Senhor, de Jerusalém”. Deus está preparando o cumprimento dessa profecia. Por isso, não devemos nos admirar quando todo o poder das trevas se levanta para atrapalhar, pois o que está em jogo é o domínio divino sobre o mundo, domínio que virá acompanhado de todas as suas abençoadas conseqüências! Quando o Senhor reinar, pecado será pecado, injustiça e mentira serão chamadas pelos seus nomes e acontecerá o que está escrito em Jeremias 25.30-31: “O Senhor lá do alto rugirá e da sua santa morada fará ouvir a sua voz; rugirá fortemente contra a sua malhada, com brados contra todos os moradores da terra, como o eia! dos que pisam as uvas. Chegará o estrondo até à extremidade da terra, porque o Senhor tem contenda com as nações, entrará em juízo contra toda a carne; os perversos entregará à espada, diz o Senhor”. A oração de Jesus também se cumprirá: “Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino; faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mt 6.9-10).

Até que ponto as nações têm o dever de seguir a Lei Mosaica?

Provérbios 29.18 diz a respeito: “Não havendo profecia, o povo se corrompe; mas o que guarda a lei, esse é feliz”. Toda nação que seguir esse conselho se dará bem!

Deus queria que Israel fosse uma clara luz no meio da escuridão espiritual em que viviam os povos e um contraponto às trevas do pecado.

A Lei de Moisés foi entregue ao povo de Israel com a seguinte finalidade: “Porque o mandamento é lâmpada, e a instrução, luz; e as repreensões da disciplina são o caminho da vida” (Pv 6.23). Deus queria que Israel fosse uma clara luz no meio da escuridão espiritual em que viviam os povos e um contraponto às trevas do pecado. Por essa razão Balaão, o profeta gentio, foi compelido a proclamar:“...eis que é povo que habita só e não será reputado entre as nações. Que boas são as tuas tendas, ó Jacó! Que boas são as tuas moradas, ó Israel!” (Nm 23.9; 24.5). Balaão reconheceu que Deus era com Israel, que Ele velava sobre esse povo, morava no meio dos israelitas e lhes dava segurança e estabelecia a ordem através da Lei.

Mesmo a meretriz Raabe, que vivia na cidade ímpia de Jericó, sentiu-se obrigada a declarar aos dois espias judeus: “Bem sei que o Senhor vos deu esta terra, e que o pavor que infundis caiu sobre nós, e que todos os moradores da terra estão desmaiados. Porque temos ouvido que o Senhor secou as águas do mar Vermelho diante de vós, quando saíeis do Egito; e também o que fizestes aos dois reis dos amorreus, Seom e Ogue, que estavam além do Jordão, os quais destruístes” (Js 2.9-11).

Quando a rainha de Sabá (atual Iêmen) visitou o rei Salomão, exclamou admirada: “Foi verdade a palavra que a teu respeito ouvi na minha terra e a respeito da tua sabedoria. Eu, contudo, não cria no que se falava, até que vim e vi com meus próprios olhos. Eis que não me contaram a metade da tua sabedoria; sobrepujas a fama que ouvi. Felizes os teus homens, felizes estes teus servos que estão sempre diante de ti e ouvem a tua sabedoria! Bendito seja o Senhor, teu Deus, que se agradou de ti para te colocar no seu trono como rei para o Senhor, teu Deus; porque o teu Deus ama a Israel para o estabelecer para sempre; por isso, te constituiu rei sobre ele, para executares juízo e justiça” (2 Cr 9.5-8).

O nome de Deus era conhecido muito além das fronteiras de Israel. As nações reconheciam que Israel era singular, admiravam seu maravilhoso Templo e vinham para louvar seu Deus. Assim era respondida a oração que Salomão fizera por ocasião da inauguração do Templo: “Também ao estrangeiro, que não for do teu povo de Israel, porém vier de terras remotas, por amor do teu nome (porque ouvirão do teu grande nome, e da tua mão poderosa, e do teu braço estendido), e orar, voltado para esta casa, ouve tu nos céus, e faze tudo o que o estrangeiro te pedir, a fim de que todos os povos da terra conheçam o teu nome, para te temerem como o teu povo de Israel e para saberem que esta casa, que eu edifiquei, é chamada pelo teu nome” (1 Rs 8.41-43).

Até que ponto, então, as nações do mundo têm o compromisso de obedecer à Lei de Moisés? Bem, na verdade ninguém tem a obrigação de cumprir lei alguma. Nenhuma nação é obrigada a se orientar pelo código de leis divinas. Mas quando, de livre e espontânea vontade, ela se sujeita às ordens de Deus, essa é a melhor escolha, com os melhores resultados práticos. Cada povo que segue as orientações do Senhor experimenta o que diz o Salmo 19.8-11: “Os preceitos do Senhor são retos e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro e ilumina os olhos. O temor do Senhor é límpido e permanece para sempre; os juízos do Senhor são verdadeiros e todos igualmente, justos. São mais desejáveis que o ouro, mais do que muito ouro depurado; e são mais doces do que o mel e o destilar dos favos. Além disso, por eles se admoesta o teu servo; em os guardar, há grande recompensa”.

A História nos ensina que os povos que desprezaram as leis divinas de maneira consciente, que as pisotearam, cedo ou tarde desapareceram de cena. Basta pensar na ex-República Democrática Alemã ou na União Soviética, que não existem mais. Mas os povos que estabelecem sua legislação e fundamentam sua constituição sobre as leis divinas, mesmo que seja de maneira imperfeita, são povos abençoados. A Bíblia diz: “Bem-aventurado o povo a quem assim sucede! Sim, bem-aventurado é o povo cujo Deus é o Senhor!” (Sl 144.15).

Será que hoje vivemos estressados, emocionalmente doentes e desorientados porque deixamos de obedecer à Palavra de Deus? Será que os líderes da economia mundial e os políticos tomam tantas decisões equivocadas por negligenciarem a Palavra do Senhor? Será que hoje as pessoas andam insatisfeitas e infelizes porque desprezam as ordens divinas? Com toda a certeza, pois o desprezo pelos decretos divinos sempre acaba conduzindo à ruína – espiritual, emocional e financeira.

A Igreja de Jesus deve cumprir a Lei?

O Senhor Jesus, cabeça da Igreja (Ef 5.23), validou toda a Lei Mosaica, inclusive as 613 disposições, ordens e proibições, ao afirmar: “É mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til sequer da Lei”(Lc 16.17). Ele avançou mais um passo, dizendo: “Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir” (Mt 5.17). Jesus, ao nascer, também foi colocado sob a Lei: “vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei” (Gl 4.4). Ele foi criado e educado segundo os preceitos da Lei, pois cumpria suas exigências.

“Os preceitos do Senhor... são mais doces do que o mel e o destilar dos favos. Além disso, por eles se admoesta o teu servo; em os guardar, há grande recompensa” (Salmo 19.8,10).

O Senhor Jesus, porém, não apenas se ateve pessoalmente a toda a Lei de Moisés. Foi essa mesma Lei que O condenou à morte. Quando tomou sobre Si todos os nossos pecados, teve de morrer por eles, pois a Lei assim o exige. Vemos que a Lei foi cumprida e vivida por Jesus, e através dEle ela alcançou seu objetivo. Por isso está escrito que “...o fim da Lei é Cristo” (Rm 10.4).

Quando sou confrontado com a Lei Mosaica, ela me apresenta uma exigência que devo cumprir. Deus diz em Sua Lei : “...eu sou santo...” e exige de nós: “...vós sereis santos...” (Lv 11.44-45). Assim, a Lei me coloca diante do problema do pecado, que não posso resolver sozinho. O apóstolo Paulo escreve: “...eu, todavia, sou carnal, vendido à escravidão do pecado” (Rm 7.14).

A lei expõe e revela nossa incapacidade de atender às exigências divinas, pois ela nos confronta com o padrão de Deus. Ela nos mostra a verdadeira maneira de adorá-lO, estabelece as diretrizes segundo as quais devemos viver e regulamenta nossas relações com nosso próximo. Além disso, a Lei é o fundamento que um dia norteará a sentença que receberemos quando nossa vida for julgada por Deus. Pela Lei, reconhecemos quem é Deus e como nós devemos ser e nos portar. Mas existe uma coisa que a Lei não pode: ela não consegue nos salvar. Ela nos expõe diante de Deus e mostra que somos pecadores culpados. Essa é sua função.

Lembremos que Jesus disse: “Não penseis que vim revogar a Lei ou os profetas; não vim para revogar, vim para cumprir” (Mt 5.17). O Filho de Deus está afirmando que veio a este mundo para cumprir a Lei com todas as suas 613 disposições, ordenanças e proibições. Ele realmente cumpriu todas elas, pelo que está escrito:“...o fim da lei é Cristo” (Rm 10.4). Ele conduziu a Lei ao seu final; ela está cumprida. Por que Ele o fez? Encontramos a resposta quando lemos o versículo inteiro:“Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê” (Rm 10.4). Jesus cumpriu a Lei para todos, mas Sua obra é eficaz apenas para todo aquele que crê. Segundo a Bíblia, que tipo de fé é essa? É a fé que sabe...

...que pessoa alguma é capaz de cumprir a Lei e que ninguém consegue satisfazer as exigências divinas.
... que para isso o Filho de Deus, Jesus Cristo, veio ao mundo, cumprindo as exigências da Lei até nos mínimos detalhes.
...que Jesus Cristo tomou sobre Si, em meu lugar, o castigo da Lei, que é a morte.

Agora, talvez, muitos perguntem: Não estamos removendo a base que sustenta uma ética comprometida ao dizermos que a Lei não vale mais para os cristãos renascidos? Será que saberemos como nos comportar e o que é certo ou errado se dissermos que não é preciso cumprir a Lei de Moisés?

Jesus estabeleceu uma ética muito superior...

...à ética da Lei de Moisés. Ela exige: “Não adulterarás” (Êx 20.14). Mas Jesus disse: “qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com ela” (Mt 5.28). A lei de Moisés impõe:“Não matarás” (Êx 20.13). Mas Jesus ensina: “Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem” (Mt 5.44).

A ética estabelecida por Jesus Cristo supera tudo que já houve em matéria de lei moral e toda e qualquer possibilidade dentro da ética humana. Jesus exige que cumpramos normas diametralmente opostas ao nosso comportamento natural. Essa ética estabelecida por Jesus só pode ser seguida por pessoas que nasceram de novo, que entregaram todo o seu ser ao Senhor: “Porei no seu coração as minhas leis e sobre a sua mente as inscreverei” (Hb 10.16). A Bíblia diz, ainda, acerca dos renascidos: Deus “...nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito vivifica” (2 Co 3.6).

Curiosamente, Paulo escreveu essas palavras justamente à igreja que tinha mais problemas com ira, ciúme, imoralidade, libertinagem e impureza espiritual entre seus membros. Mas, ao admoestá-los, ele estava dizendo aos crentes de Corinto – e, por extensão, a todos nós – que é possível ter uma ética superior e viver segundo os elevados preceitos de Jesus quando nascemos de novo. Com isso os cristãos não estão rejeitando a ética da Lei de Moisés mas estabelecem uma ética muito superior, a ética do Espírito Santo, do qual a Bíblia diz: “Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei” (Gl 5.22-23).

Como, porém, colocamos isso em prática? Simplesmente vivendo um relacionamento íntimo e autêntico com Jesus Cristo. O que pensamos, o que falamos, o que fazemos ou deixamos de fazer deve ser determinado somente por Jesus: “E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus” (Cl 3.17). Na prática, devemos nos comportar como se tudo o que fizermos levasse a assinatura de Jesus. Somente quando nos entregarmos completamente ao Senhor Jesus poderemos produzir fruto espiritual. Quando submetermos nosso ser ao Senhor, o fruto do Espírito poderá crescer em nós em todos os seus nove aspectos. Talvez nós mesmos nem o percebamos, mas certamente as pessoas que nos cercam perceberão que o Espírito está frutificando em nós.

Que seja assim na vida de todos nós!

Expiação Limitada



Por Leonardo Dâmaso

Texto base: Rm 5.8-11

Introdução

Expiação limitada é o terceiro dos 5 pontos do calvinismo, e é uma doutrina que se desenvolveu especificamente na tradição reformada. Ao contrário do que muitos pensam, não foi Calvino quem escreveu esta linha doutrinária. Os 5 pontos do calvinismo são apenas uma parte, e não um resumo de toda a doutrina de Calvino baseada nas Escrituras.

Estes 5 pontos foram elaborados somente 54 anos após a sua morte (1509-1564) pelo Sínodo de Dort, “composto de 84 teólogos, 18 representantes seculares, 27 delegados da Alemanha, Suíça, Inglaterra e outros países da Europa reunidos em 154 Sessões, desde 13 de novembro de 1618 até maio de1619”.1

Contudo, o objetivo de se ter formulado os 5 pontos do Calvinismo era de responder e questionar o documento apresentado pelos “discípulos do professor reformado de um seminário holandês chamado Jacob Arminius (1560-1600), que tinha sérias dúvidas quanto à graça soberana de Deus, visto que era inclinado aos ensinos de Pelágio e Erasmo, no que se refere à livre vontadedo homem”.2

No entanto, os alunos de Arminius que formularam este documento (os 5 pontos do arminianismo) tinham em mente mudar os símbolos oficiais das doutrinas das Igrejas da Holanda, que se apoiavam na Confissão Belga e no Catecismo de Heidelberg, substituindo assim pelos ensinos de Arminius. Em contra partida, a razão pela qual os 5 Pontos do Calvinismo foram elaborados.

Todavia, a doutrina da expiação limitada salienta a obra da redenção realizada por Cristo através de sua morte na cruz. Não obstante, Jesus se ofereceu como o único e perfeito sacrifício pelos pecados para satisfazer a justiça de Deus, sofrendo a ira divina, tornando-se maldição e morrendo no lugar de pecadores. Em suma, é “a obra que Cristo realizou em sua vida e morte para obter nossa salvação”.3

Esta doutrina também tem como base a doutrina da predestinação, onde se diz que, desde toda a eternidade, antes do mundo vir a existir, e antes que houvesse a queda, Deus escolheu para si um número limitado de pessoas para salvar (Ap 5.9), enquanto o restante é “entregue” aos seus próprios pecados e, por fim, como punição pela desobediência ao Senhor a morte eterna (Rm 1.18-21, 24-32; 6.23).

“A palavra expiação é usada muitas vezes no Antigo Testamento. Além de ser um termo teológico muito incomum”4, significa um “ato ou efeito de expiar; o cumprimento da pena ou castigo que se reputa equivalente à culpa ou delito de alguém.

Significa remir culpas ou delitos pelo cumprimento de pena; ou seja, sofrer asconsequências de alguém, cumprir a pena que reabilita uma pessoa, e por fim, purificar”.5 Vejamos uma ilustração como exemplo que elucida esta verdade sobre a expiação:

“Se um homem não pode pagar uma dívida que tem com o banco, mas se um amigo voluntariamente paga esta dívida por ele, então, esta dívida é coberta e o homem está livre de toda obrigação. Esta é a idéia da expiação”6 e literalmente o que Cristo Jesus fez pelos seus escolhidos na obra da redenção pagando a dívida que tínhamos com Deus.

Explanação

Para que possamos compreender de forma crível todo o conteúdo que compõe a doutrina da expiação limitada, precisamos saber em:

1. O motivo da expiação

Qual foi a razão que levou a Cristo se abdicar de toda a sua glória, vindo a este mundo em forma de homem, nascer do ventre de uma mulher tendo de passar por todo o processo de nascimento, crescimento e desenvolvimento humano e sofrer todas as nossas limitações, fraquezas e tentações que nos assolam, ser perseguido, maltratado e, por fim, morto?

“Por qual motivo Deus operou deste modo para realizar seu fim e cumprir seu propósito? Por que o sacrifício do filho de Deus? Por que, ao morrer, morreu a morte maldita da cruz”? 7

Indubitavelmente, o motivo da expiação foi “afetar a relação de Deus com o pecador, o estado e a condição de Cristo como o Autor Mediatário da salvação, e o estado e a condição do pecador”.8 Contudo, o motivo da expiação é caracterizado por estes 2 pilares:

a) O imensurável amor de Deus.

Podemos ver o amor de Deus explícito como a fonte da expiação nesta passagem em pauta:

João 3.16 – Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.

Esta passagem denota o quão grande amor Deus teve para com o “mundo perverso e pecador”.9 A expressão de tal maneira não se encontra no grego, mas podemos entender não somente por essa passagem, mas por todo o Novo Testamento, especificamente sobre os textos que abarcam a missão de Jesus, a intensidade do amor de Deus.

O amor de Deus é algo que não se pode medir. A atitude de dar o seu único filho para morrer no lugar e em favor de pecadores (Rm 5.8), para que aqueles que acreditarem em Cristo como o salvador e filho de Deus não serem condenados à morte eterna, mas terem a vida eterna é tremendo!

b) A Sua justiça.

Além do amor de Deus ser o motivo da expiação (Jo 3.16; Ef 2.4), todavia, a justiça de Deus também faz parte deste epítome. A justiça de Deus requeria que Ele “encontrasse o meio para que a penalidade por causa dos nossos pecados fosse paga. Deus não poderia nos aceitar em comunhão consigo mesmo a menos que a penalidade fosse paga.”10

Esta foi à razão pela qual Deus enviou a Cristo para fazer a propiciação. O sacrifício que aplacaria a ira de Deus contra nós por termos ofendido a sua santidade pelos nossos pecados foi transferido para Jesus. Nós que merecíamos todo o sofrimento que Cristo passou a cruz e por fim a morte (Ez 18.4; Rm 6.23). 

Porém, o Senhor se fez maldito por nós sendo imputado sobre si os nossos pecados, suportando a ira de Deus e morrendo na cruz derramando o seu sangue carmesim para que Deus se tornasse propício em nosso favor. Fomos reconciliados com Deus para termos comunhão com o Senhor mediante Cristo pelo Espírito Santo e glorificá-lo em toda a nossa vida.

Romanos 3.25-26 – A quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impune os pecados anteriormente cometidos; Tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente, para ele mesmo ser justo e justificador daquele que tem fé em Jesus.

Na versão da NBV podemos entender melhor o que Paulo quis dizer nessa passagem. Senão vejamos:

Romanos 3.25-26 – “Deus foi quem enviou a Cristo Jesus para levar o castigo pelos nossos pecados, e assim pôr fim à ira de Deus contra nós. Ele usou o seu sangue para, mediante a fé, nos salvar da sua ira. Deste modo, Ele foi justo, mesmo não tendo castigado aqueles que pecaram em tempos passados. Isto porque aguardava a chegada do dia quando Cristo viria e apagaria os pecados anteriormente cometidos”.11 (veja Rm 5.9-11).

2. A necessidade da expiação

Será que não haveria outra forma de Deus salvar a humanidade sem a necessidade da expiação? Era realmente preciso Jesus morrer em nosso lugar?

Indubitavelmente, sabemos pela doutrina da eleição incondicional, o segundo ponto do calvinismo, que o homem não escolhe se voltar para Deus através do seu livre arbítrio, mas é Deus que escolhe salvar quem Ele quiser pela sua “livre e soberana graça”12 independentemente das obras (Ef 2.8; Jo 6.44; 10.24-28; 15.16; 17.6-9,20).

“Contudo, salvar homens perdidos não era necessidade absoluta, mas bondade soberana de Deus”.13 “Portanto, a expiação não foi absolutamente necessária, mas, como conseqüência da determinação de Deus de salvar pessoas, a expiação tornou-se absolutamente necessária”.14 Esta é a visão da expiação chamada de necessidade absoluta.

No entanto, como Deus não era obrigado abrir a porta da salvação a ninguém, devido à necessidade absoluta, a expiação se tornou necessária. “Uma vez que foi proposta, a salvação deveria ser assegurada por meio da satisfação que poderia ser conquistada somente pelo sacrifício substitutivo e pela redenção comprada pelo sangue”.15

Heber Carlos de campos complementa esta verdade acerca da necessidade absoluta dizendo que em Hebreus 2.17 Cristo “teve que experimentar as coisas próprias de um ser humano, ou seja, limitações, fraquezas e tentações.

Ele teve de sofrer para entender as coisas relativas à misericórdia e tinha de ser fiel para ser um sumo sacerdote perfeito. Para que isso viesse acontecer, o redentor teve de passar por um processo de aprendizagem”.16 Também em hebreus é mencionado que é impossível que o sangue de touros e bodes remova pecados (referência aos rituais de purificação do AT) (10.4) e que um sacrifício superior é requerido (9.23).  

Conclui-se, então, que somente o sacrifício de Cristo é eficaz para aniquilar completamente o pecado (9.26), e que não havia outro modo pelo qual Deus pudesse salvar pessoas a não ser pela morte de Jesus em nosso lugar.

3. A natureza da expiação

Acerca deste tema, que trata de forma indelével sobre a obediência de Cristo, que é descrita como obediência ativa e passiva, veremos que nestes 2 aspectos estão inseridos “as categorias mais especificas com que as Escrituras apresentam a obra expiatória de Cristo, que são sacrifício, propiciação, reconciliação e redenção”.17

John Murray corrobora que “a distinção entre a obediência ativa e passiva não é a despeito de tempos.

Deve-se descrever toda a obra de obediência de nosso Senhor em cada fase e período, como ativa e passiva, e deve-se evitar o engano de pensar que a obediência ativa se aplica em sua vida, enquanto a obediência passiva em seu sofrimento final e morte. O uso e o propósito legítimos dessa fórmula servem para enfatizar 2 aspectos da obediência vicária de Nosso Senhor”.18 Senão vejamos:  

a) A obediência ativa

Este termo trata especificamente sobre a obediência de Cristo por nós. Como é impossível para o homem obedecer totalmente a Deus, Jesus teve de viver durante toda a sua vida aqui na terra em total obediência a lei de Deus em nosso favor (Fp 2.8), “de modo que os méritos positivos de sua obediência perfeita pudessem ser atribuídos a nós” 19 (Rm 5.19). Isso é o que chamamos de obediência ativa.

b) A obediência passiva
      
Este segundo termo ressalta que “Cristo tomou sobre si os sofrimentos necessários para pagar a penalidade pelos nossos pecados”,20 como havia sido profetizado em Isaías 53.3 sobre a vinda do Messias, o qual seria um homem de dores e experimentado no sofrimento. Hebreus 5.8-9 diz-nos que mesmo sendo Filho, aprendeu a obediência por aquilo que padeceu. E tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o Autor da salvação eterna para todos os que lhe obedecem.

Os sofrimentos durante toda a vida de Jesus como fraquezas, limitações, tentações, rejeição e oposição dos homens, a dor psicológica de suportar o pecado e a culpa como se Ele mesmo pecasse, a dor física da crucificação, o abandono do Pai na cruz, a dor de suportar a ira de Deus contra o pecado e o pecador e por fim a morte, é que fizeram de Jesus o perfeito salvador.

Por outro lado, a obra da expiação tem inúmeros efeitos sobre nós. Veremos agora os 4 efeitos da expiação, os quais eu mencionei anteriormente que são o sacrifício, a propiciação, a reconciliação e a redenção. “Estes 4 termos mostram como a morte de Cristo satisfez as 4 necessidades que temos como pecadores”.21

a) Sacrifício: Cristo morreu em nosso lugar como substituto e pagou a penalidade da morte que merecíamos por nossos pecados contra Deus (Hb 9.26). 

b) Propiciação: Para que a ira de Deus contra o pecado e contra nós (pecadores) fosse aplacada e removida, Cristo morreu em nosso favor, propicio a nós (1Jo 4.10).

c) Reconciliação: Para que a parede que nos separava de Deus fosse derrubada (Ef 2.14-18), e a barreira que nos impedia de ter comunhão com Deus fosse removida (Is 59.2), era preciso que alguém intervisse em nosso favor, nos reconciliando novamente com Deus (2Cor 5.18-19).

d) Redenção: Como pecadores somos escravos do pecado e de satanás”22 (Jo 8.34; Rm 6.16; Ef 2.2-4), por isso era necessário que alguém nos redimisse dessa escravidão.

Redenção traz a idéia de um resgate, que é “o preço pago para redimir alguém da escravidão ou do cativeiro”23. É de vital importância ressaltar que Cristo não pagou resgate algum a satanás e muito menos ao pecado, e também não digo que foi a Deus, porque não foi Ele que nos manteve na escravidão, mas satanás e nossos pecados.

Cristo comprou e buscou a redenção, e, portanto, nos “é suficiente saber que o preço foi pago e aceito por Deus (a morte de Cristo), e o resultado foi termos sido redimidos da escravidão”.24  

4. A extensão da expiação

A pergunta crucial que envolve a síntese da extensão da obra expiatória é esta: Por quem Cristo morreu? “No lugar de quem Cristo se ofereceu como sacrifício”25? Mediante a esta pergunta, existem inúmeras passagens nas Escrituras referente à morte de Cristo, onde é afirmado que a expiação “aparentemente” foi universal, ou que a morte de Cristo foi por todas ou muitas pessoas ou pelo mundo todo.

No entanto, se analisarmos detalhadamente todo o contexto em geral sobre a questão da morte de Cristo, veremos que a expiação não foi universal, mas foi limitada ou particular. Em outras palavras, Jesus não morreu por todas as pessoas e nem pelo mundo inteiro.

Embora o sangue de Jesus derramado na cruz fosse “suficiente para cobrir os pecados de todos os homens e para satisfazer a justiça de Deus contra todo o pecado, ele efetua a salvação somente aos eleitos”.26 A expiação se reduziu ou foi eficazmente aplicada somente para algumas pessoas a quem Deus escolheu salvar.

Outro fator importante que envolve a extensão da expiação é que ela também abrange os não eleitos, que desfrutam dos benefícios da morte de Jesus, no que se refere as bênçãos físicas e materiais, dentre outras coisas (Mt 5.45). Isto é o que chamamos de “graça comum” ou “providência geral”. 

Outra questão agora está em pauta – Como interpretar as diversas passagens onde é mencionado que Cristo morreu por todas as pessoas e pelo mundo todo?

Tanto os cristãos arminianos quanto os cristãos reformados concordam que “o sangue de Cristo é suficiente, em valor, e que sua morte vicária é de valor infinito aos olhos de Deus, e é eficiente ou eficaz somente em relação aos eleitos. Atualmente, o ponto de vista arminiano da expiação universal não é sustentável.

Não obstante, a única saída dos arminianos para dizer sobre os que rejeitam a Cristo é dizer que a vontade de Deus é frustrada pelo homem, porque Cristo, ao que pressupõe, morreu por todos os homens aos quais Deus quis salvar, porém, não pôde fazê-lo”27, devido ao “livre arbítrio” que o homem possui em escolher ou não se voltar para Deus.

Todavia, sabemos pelas Escrituras que só Deus possui o livre arbítrio, e que esta linha de interpretação contradiz totalmente a doutrina da eleição. Vamos analisar algumas passagens onde os termos muitos e mundo aparecem e comprovar que estes a textos, apesar de favorecer outra interpretação, falam acerca da expiação limitada.

Senão vejamos: (Is 53.4-12; Mt 26.28; Mc 10.45; Jo 1.29; Jo 3.16; Rm 5.7-10; 1Cor 15.3; Gl 1.3-4; Tito 2.14; 1Jo 2.1-2; Hb 2.9; Ap 5.8-9; Mc 4.11-12; Jo 10.11,15, 26-28; Jo 17.6-9, 19-21...)

Conforme estas passagens e várias outras, vemos que “a bíblia utiliza expressões que são universais em forma, mas que não se referem a todos os homens no sentido distributivo e inclusivo.

Palavras como mundo e todos, expressões como cada um e todo homem nem sempre significam, nas Escrituras, todos os membros da raça humana”;28 mas sim, à universalidade e diversidade dos eleitos espalhados por todo o mundo, e à inclusão dos gentios também na obra da expiação.

Nessa mesma linha de pensamento, Ronald Hanko afirma que “o que tais passagens ensinam é que Cristo morreu por todos os homens sem distinção, não por todos os homens sem exceção. Em outras palavras, tais passagens ensinam que Cristo morreu por todos os tipos de homens (1Tm 2.6a), por todos que estão nEle (1Cor 15.22), ou pelo mundo de seu povo, isto é, por seus eleitos de todas as nações”.29

Por isso cai por terra a teoria de que Jesus morreu por todos os homens mesmo que todos não sejam salvos. Seria o mesmo que dizer que a obra de Cristo no projeto da salvação não foi perfeita, sendo assim ineficaz, e que o sangue de Jesus foi derramado em vão por alguns que não o querem. Contudo, seria necessário acrescentar algo a mais para ajudar a Jesus, a saber, a livre escolha do homem. 

Não obstante, a expiação limitada não é um meio que pode vir tornar possível a salvação, mas sim, é um meio que fez, faz e fará possível a salvação de todos os eleitos que foram predestinados para ela por nosso Deus e Pai. Aleluia!

Conclusão
  
5. A perfeição da expiação

Cristo não veio fazer os pecados expiáveis; Ele veio para expiar pecados!

Hebreus 1.3 – Depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da majestade, nas alturas.

Cristo não veio para fazer Deus reconciliável, Ele reconciliou Deus conosco por meio de seu sangue.30

“A expiação é uma obra completa, jamais repetida ou passível de repetição”.31“Ela é a provisão eterna do amor no coração de Deus”.32 Ela não força nem constrange o amor de Deus; antes, o amor de Deus constrange a expiação, que se fez instrumento para a realização do propósito determinado do amor”.33

A obra expiatória foi perfeita em todos os aspectos e alcançou o seu objetivo. Cristo não morreu por todos os homens! A expiação é limitada! A redenção é particular! Só a noiva eleita de Cristo (a igreja) é o objeto do amor de Deus no plano da salvação”.34  

Efésios 5.25b – Cristo amou a Igreja e a si mesmo se entregou por ela...

___________
Notas:
1.Tradução livre e adaptada do livro The Five Points of Calvinism 
2. Duane E. Spencer, TULIP, Os Cinco Pontos do Calvinismo à Luz das Escrituras, pág 111-112, Parakletos.
3. Teologia sistemática Wayne Grudem, pág 259.
4. Gise J. Van Baren. Expiação limitada.
5. Dicionário Priberam da língua portuguesa.
6. Gise J. Van Baren. Expiação limitada.
7. John Murray. Redenção consumada e aplicada, pág 12.
8. Louis Berkhof. Teologia sistemática, pág 386.
9. Bíblia de Estudo MacArthur. Notas de Rodapé.
10. Wayne grudem. Teologia sistemática, pág 271.
11. NVB.  
12. John Murray. Redenção consumada e aplicada, pág 13.
13. Ibid.
14. Wayne grudem. Teologia sistemática, pág 272.
15. Turretin, Francis. Institutio Theologiae Elencticae, Livro XIV, Q.X; Thornwell, James Henley. “The Necessity of the Atonement”, em Collected Writings, vol II (Richmond, 1886), pág 205-261; Stevenson, George. A Dissertation on the Atonement (Filadélfia, 1832), pág 5-98; e Hodge, A.A. The Atonement (Londres, 1868), pág 217-222.
16. Heber Carlos de Campos. As Duas Naturezas do Redentor, pág 109-110.
17. John Murray. Redenção consumada e aplicada, pág 19.
18. Ibid, pág 21.
19- Wayne grudem. Teologia sistemática, pág 273.
20. Ibid, pág 274.
21. Ibid, pág 278, 279.
22. Ibid.
23. Ibid.
24. Ibid.
25. R.C. Sproul. Eleitos de Deus, pág 152.
26. John Murray. Redenção consumada e aplicada, pág 55.
27. Duane Edward Spencer. Artigo sobre a Expiação Limitada.
28. John Murray. Redenção consumada e aplicada, pág 53.
29. Ronald Hanko. Doctrine according to Glodiness, Reformed free publishing Association, pág 155-156.
30. John Murray. Redenção consumada e aplicada, pág 47.
31. Ibid.
32. Ibid, pág 48.
33. Hugh Martin. The Atonement: in Relations to the Covenant, the Priesthood, the Intercession o four Lord (Edimburgo), pág 19.
34. Duane Edward Spencer. Artigo sobre a Expiação Limitada.

***
Fonte: Bereianos
.

sábado, 30 de agosto de 2014

Os salários que o Sesi paga aos apadrinhados do PT

Os salários que o Sesi paga aos apadrinhados do PT

As remunerações a indicados por Lula e pelo partido chegam a R$ 36 mil – e alguns deles nem precisam aparecer para trabalhar

MURILO RAMOS
01/08/2014 20h35
Kindle
Share206 
BUUUU!!! A filial do Conselho do Sesi em São Bernardo, São Paulo. Os funcionários deveriam trabalhar lá, mas ninguém conseguia vê-los antes da visita dos caça-fantasmas  (Foto: Rogério Cassimiro/ÉPOCA)
Um espectro ronda a casa 787 da Rua José Bonifácio, numa esquina do centro de São Bernardo do Campo, em São Paulo – o espectro do empreguismo. De longe, vê-se apenas uma casa amarela, simples e estreita como as demais da região. De perto, subitamente, tudo o que é sólido se desmancha no ar e – buuu! – sobram somente os fantasmas. Naquele endereço, na cidade paulista onde o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva mora e fez sua carreira, funciona o “escritório de representação”, em São Paulo, do Conselho Nacional do Serviço Social da Indústria, o Sesi. A casa amarela mal-assombrada fica a 40 metros do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em que Lula se projetou como um dos maiores líderes políticos do Brasil. O sindicato mais famoso do país continua sob o comando de Lula e seus aliados. A casa amarela foi criada por esses aliados no governo de Lula. Quem a banca são as indústrias do país. Todo ano, elas são obrigadas a financiar as atividades do Sesi, cuja principal finalidade é qualificar os trabalhadores das indústrias. A casa amarela é um dos melhores lugares do Brasil para (não) trabalhar. O escritório é modesto, mas os salários são inimagináveis – e as jornadas de trabalho, imaginárias. Difícil é entrar. É preciso ser amigo de petistas poderosos.
Na manhã da última quarta-feira, ÉPOCA reuniu coragem para bater à porta da casa amarela. Estava em busca de Marlene Araújo Lula da Silva, uma das noras do ex-presidente Lula. No papel e na conta bancária, ela trabalha ali. A reportagem encontrou apenas dois sindicalistas, além da copeira Maria e da secretária Silvana. Dona Maria parece ser a mais produtiva do lugar. Faz um ótimo café. Talvez por medo, não fala sobre as aparições. Assim que ÉPOCA perguntou pela nora de Lula, a secretária Silvana tratou de alertá-la por telefone. Cerca de 45 minutos depois, Marlene finalmente estacionava seu Hyundai Tucson preto na garagem.

Casada com o quarto filho de Lula, Sandro Luís Lula da Silva, Marlene raramente aparece no serviço, apesar de ter um salário de R$ 13.500 mensais. Diz ser “formada em eventos”. Questionada sobre o que faz no Sesi, onde está empregada desde 2007, Marlene foi vaga. Disse trabalhar em programas do Sesi na capital paulista e na região do ABC. “Trabalho com relações institucionais. Fico muito tempo fora do escritório. Tenho uma jornada flexível. Quem me contratou foi o Jair Meneguelli”, afirmou. Meneguelli é o presidente do Sesi. Sindicalista e amigo de Lula, ocupa o cargo desde que o PT chegou ao Planalto, em 2003. “Mas por que está fazendo essas perguntas? Se você está me procurando, deve ser pela ligação que tenho de sobrenome”, disse.

Marlene é apenas um dos fantasmas vermelhos que, segundo descobriu a Controladoria-Geral da União, a CGU, habitam a casa amarela. No começo do ano, funcionários do Sesi procuraram a CGU para denunciar a existência de fantasmas nos quadros da entidade. Todos indicados por Lula e outros próceres do PT. Os auditores da CGU, como caça-fantasmas, foram a campo. Encontraram apenas ectoplasmas. Estiveram na casa amarela e jamais flagraram a nora de Lula trabalhando. Experimentaram ligar em horários alternados, na tentativa de achá-la na labuta. Nenhum vestígio. Por fim, decidiram perguntar ao Sesi que atividades Marlene exercera nos últimos tempos. A resposta foi evasiva. Agora, a CGU trabalha num relatório sobre a caça aos fantasmas.

A rotina tranquila permitiu que Marlene se lançasse ao mundo corporativo. Em 2009, ela se tornou sócia do marido e de um cunhado, Marcos Luís, numa empresa de tecnologia que se diz especializada na produção de software, a FlexBr. Até hoje a empresa não tem site. Antes escanteada num imóvel da família do advogado Roberto Teixeira, compadre de Lula, em São Bernardo do Campo, a FlexBr mudou-se para um  belo prédio no bairro dos Jardins, em São Paulo. ÉPOCA também esteve lá na semana passada. As atendentes do prédio disseram que a empresa não funciona mais lá há pelo menos um ano.  Nunca viram Marlene ali.

Por que o emprego de Marlene no Sesi nunca veio à tona? Um servidor do Sesi afirmou que se deve à dificuldade de associar o nome de solteira de Marlene ao sobrenome Lula da Silva. Na relação de funcionários do Sesi, o nome dela é Marlene de Araújo. Sobram fantasmas na família Lula. Em 2005, o jornal Folha de S.Paulo revelou que Sandro Luís, o marido de Marlene, tinha sido registrado como funcionário do PT paulista, com salário de R$ 1.500. Sandro nem sequer aparecia no partido.
 
APARIÇÕES Marlene (à esq.), nora de Lula, só apareceu no trabalho depois de ÉPOCA perguntar por ela. Márcia (à dir.), mulher do mensaleiro João Paulo Cunha, estava em casa (Foto: Rogério Cassimiro/ÉPOCA)
O assessor Rogério Aurélio Pimentel deveria ser colega de Marlene na casa amarela.  Até há pouco, estava lá apenas em espírito. Aurélio foi contratado no começo de 2011, para ser gerente de serviços sociais. Ganha R$ 10 mil por mês. O emprego no Sesi foi arranjado depois que a presidente Dilma Rousseff chegou ao Planalto e o dispensou. Aurélio, amigo de Lula, trabalhou no gabinete pessoal dele nos oito anos de mandato. No Planalto, dividia sala com Freud Godoy, ex-segurança de Lula. Godoy e Aurélio eram conhecidos no Planalto como “dupla dinâmica”. Freud se consagrou com o escândalo dos Aloprados, na campanha de Lula em 2006. Foi acusado de usar dinheiro sujo para comprar um dossiê fajuto com denúncias contra o tucano José Serra. ÉPOCA encontrou Aurélio na casa amarela. Ele disse não ter sido indicado por Lula. “Trabalho com Marlene assessorando projetos e também ajudo aqui no escritório”, disse. Não quis dar mais explicações. Desde as visitas dos caça-fantasmas da CGU, Aurélio passou a se apresentar no escritório do Sesi com mais regularidade.
o emprego dA nora de Lula demorou a ser descoberto porque ela usava o sobrenome de solteira
Na sede do Sesi, em Brasília, os caçafantasmas entrevistaram funcionários (de verdade) e vasculharam os computadores dos fantasmas em busca de vestígios de que trabalhavam. Nada. Uma das que não entravam no próprio computador chama-se Márcia Regina Cunha. Ela é casada com o ex-deputado João Paulo Cunha, do PT de São Paulo, condenado no processo do mensalão. Foi Márcia quem buscou os R$ 50 mil, em dinheiro vivo, que João Paulo recebeu de Marcos Valério – ele dizia que ela fora ao banco pagar a conta de TV a cabo. No Sesi, Márcia está empregada como gerente de marketing desde 2003. Recebe R$ 22 mil por mês.
Sou gerente de marketing. Trabalho lá (em Brasília) e aqui em São Paulo"
MÁRCIA CUNHA, MULHER DO MENSALEIRO JOÃO PAULO CUNHA, EM SUA CASA
Na tarde da mesma quarta-feira em que procurou Marlene na casinha amarela, ÉPOCA flagrou Márcia a 1.000 quilômetros da sede do Sesi em Brasília, onde ela deveria estar. Márcia estava em sua casa, na cidade de Osasco, região metropolitana de São Paulo. A casa de Márcia e do ex-deputado João Paulo Cunha está em reforma. Márcia parecia acompanhar as obras. ÉPOCA quis saber por que ela não estava em Brasília. “Sou gerente de marketing. Trabalho lá (Brasília) e aqui em São Paulo. Tem uma unidade do Sesi aqui”, disse – e logo desapareceu.

Os caça-fantasmas tiveram dificuldade para encontrar também o advogado e jornalista Douglas Martins de Souza no Sesi em Brasília. Contratado para ser consultor jurídico, ganha R$ 36 mil. Filiado ao PT desde 2000, foi secretário adjunto da Secretaria de Igualdade Racial no início do governo Lula. Marlene disse que Douglas “fica entre Brasília e São Paulo”.

Além de atender a pedido de amigos, Meneguelli, o presidente do Sesi, também emprega os seus. Um deles é o petista Osvaldo Bargas. No período em que Meneguelli presidiu a Central Única dos Trabalhadores (CUT), ligada ao PT, Bargas era seu número dois. No Sesi, recebe salário de R$ 33 mil. A sindicalista Sandra Cabral, amiga do ex-tesoureiro petista Delúbio Soares, também conseguiu emprego lá. Recebe R$ 36 mil por mês.
 
COMPANHEIROS Jair Meneguelli e o ex-presidente Lula. Nomeado por Lula, ele está há 11 anos no Sesi e ganha até R$ 60 mil mensais (Foto: Ricardo Benichio/divulgação)
Se alguém ganha bem no Sesi, é o próprio Meneguelli. Há meses em que ganha quase R$ 60 mil – somando ao salário uma “verba de representação”. Hoje, ocupa uma sala espaçosa num dos prédios mais luxuosos da capital federal. Meneguelli desfila num impecável Ford Fusion preto, modelo 2014, com motorista. Para não ficar a pé no ABC paulista, deu ordens para que um Toyota Corolla zerinho fosse transportado de Brasília a São Bernardo do Campo. Fica a sua disposição, com motorista. As despesas com esses e outros três bólidos do Sesi somam mais de R$ 150 mil por ano.
Meneguelli tem uma mania incorrigível de confundir o patrimônio do Sesi com o dele. Todos os finais de semana, recebia passagens pagas pelo Sesi para ir a sua casa em São Caetano do Sul, em São Paulo. Isso acabou quando uma auditoria do Tribunal de Contas da União, o TCU, vetou o procedimento. Outra auditoria da CGU também achou estranho que Meneguelli tenha criado uma representação do Sesi em São Bernardo do Campo – e não na capital paulista. Silvana Aguiar, secretária de Meneguelli em São Bernardo, disse que a casa amarela, antes de ser o escritório do Sesi, já abrigava o escritório político de seu patrão.

Por meio de sua assessoria, Meneguelli afirmou que Marlene, Márcia, Aurélio, Sandra e Douglas cumprem suas jornadas de trabalho normalmente, que os cargos são de livre provimento e que os carros usados por ele são compatíveis com “padrão executivo, adotado pela instituição desde antes da atual gestão, e a despeito de quem seja gestor”. Afirmou não enxergar conflito de interesses na contratação do amigo Bargas. Lula não quis comentar.