quarta-feira, 21 de novembro de 2012

A TRINDADE DIVINA



Introdução

                         A doutrina da Trindade, apesar de ter sido reconhecida depois de instituída a Igreja de Cristo, na verdade sempre esteve presente em toda a Revelação de Deus através das Escrituras.

                        Isto nos mostra a realidade da Trindade Divina, e o maravilhoso plano de Redenção de Deus aos homens. A concepção desta grande maravilha de Deus, não foi algo de fácil compreensão para os cristãos primitivos, visto em sua maioria estarem vindo da realidade de uma visão monoteísta.
Era desta forma que os judeus criam. Contudo, com a vinda de Cristo, a descida do Espírito Santo, e a revelação de Deus aos escritores do Novo Testamento, a Igreja passou por um processo de compreensão e entendimento dos valores da Trindade divina.

                        Nossa proposta é analisar e trazer alguma luz a esta tremenda realidade, a do Trino Deus, que age poderosamente através de sua Igreja.

TRINDADE

            Falar acerca da Trindade Divina é perceber que estamos mencionando um dos grandes mistérios da fé cristã. Isto, porque, há séculos atrás, ela já era discutida e questionada. O próprio Agostinho em suas confissões já indagava: “Quem compreende a Trindade Onipotente? E quem não fala dela ainda que não a compreenda? É rara a pessoa que ao falar da Santíssima Trindade saiba o que diz. Contendem e discutem. E Contudo ninguém contempla está visão sem ter paz interior.”

            As Escrituras afirmam que Deus é um, e que além dele não existe outro. (Is. 37.16). Contudo, a unidade divina é também uma unidade composta de três pessoas (personalidades) distintas e divinas, que são: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. Mas como entender? Como compreender as implicações que envolvem a Trindade Divina? Na verdade, não se trata de três deuses independentemente, mas sim, três pessoas (personalidades), compreendidas em um só Deus. Os três cooperam unidos e num mesmo propósito, de maneira que, no pleno sentido da palavra compreendem um.

O Pai cria, o Filho redime, e o Espírito santifica; e, no entanto, em cada uma dessas operações os três estão presentes de forma plena e absoluta.

A TRINDADE DECLARADA

            Diante da afirmação das Escrituras de que Deus é um, e que além dele não existe outro Deus, poderia surgir uma pergunta: Como podia Deus Ter comunhão com alguém antes que existissem as criaturas finitas? – A resposta é que a Unidade Divina é uma Unidade composta, e nesse contexto há realmente três pessoas (personalidades) distintas, consciente das outras duas. Entendemos então, que havia comunhão antes que fossem criadas quaisquer criaturas finitas. Deus, nunca esteve só.

            O Pai testificou do Filho (Mt. 3.17 ); e o Filho testificou do Pai ( Jo. 5.19 ). O Filho testificou do Espírito (Jo. 14.26), e mais tarde o Espírito testificou do Filho (Jo. 15.26). É difícil compreender? A doutrina da Trindade é claramente uma doutrina revelada, e não uma doutrina concebida pela razão humana. Só podemos aprender acerca da Natureza íntima de Deus, pela sua revelação. (I Co 2.16). Sendo assim, mesmo não estando expressa na Bíblia, a doutrina da Trindade sempre esteve presente no contexto pleno da Revelação de Deus em sua Palavra.

            Para ser preservada a doutrina da Trindade, objetivando o não deslocamento para os extremos, que podem ser vistos através do Sabelianismo e Triteísmo, a Igreja, formulou dogmas, isto é, interpretações que definissem a doutrina e a “protegessem” contra erros bíblicos. Como exemplo, temos o Credo de Atanásio, formulado no quinto século: “Adoramos um Deus em trindade, e trindade em unidade. Não confundimos as Pessoas, nem separamos a substância. Pois a Pessoa do Pai é uma, a do Filho outra, e a do Espírito Santo, outra. Mas no Pai, no Filho e no Espírito Santo há uma divindade, glória igual e majestade coeterna. Tal qual é o Pai, o mesmo são o Filho e o Espírito Santo. O Pai é incriado, o Filho incriado, o Espírito incriado. O Pai é imensurável, o Filho é imensurável, o Espírito Santo é imensurável. O Pai é eterno, o Filho é eterno, o Espírito Santo é eterno. E, não obstante, não há três eternos, mas sim, um eterno. Da mesma forma, não há três( seres ) incriados, nem três imensuráveis, mas um incriado e um imensurável. Da mesma maneira o Pai é onipotente. No entanto, não há três seres onipotentes, mas sim, um Onipotente. Assim o Pai é Deus, O Filho é Deus, e o Espírito Santo é Deus. No entanto, não há três Deuses, mas um Deus. Assim, o Pai é Senhor, o Filho é Senhor, e o Espírito Santo é Senhor. Todavia não há três Senhores, mas um Senhor. Assim como a veracidade cristã nos obriga a confessar cada Pessoa individualmente como sendo Deus e Senhor, assim também ficamos privados de dizer que haja três Deuses ou Senhores. O Pai não foi feito de coisa alguma, nem criado, nem gerado. O Filho procede do Pai somente, não foi feito, nem criado, nem gerado, mas procedente. Há, portanto, um Pai, não três Pais; um Filho, não três Filhos; um Espírito Santo, não três Espíritos Santos. E nesta trindade não existe primeiro nem último; maior nem menor. Mas as três pessoas coeternas são iguais entre si mesmas; de sorte que por meio de todas, como acima foi dito, tanto a unidade na trindade como a trindade na unidade devem ser adoradas”. (Dogma encontrado no Credo de Atanásio, formulado no quinto século)

            Apesar de parecer complicada e difícil de ser entendida, em razão dos pontos sutis que são observados, na igreja dos primeiros séculos, essa declaração demonstrou ser um meio eficaz para a preservação da doutrina. Com o dogma tais verdades preciosas e bíblicas foram protegidas de distorções.

A TRINDADE NO ANTIGO TESTAMENTO

            Observamos que no Antigo Testamento, não é ensinado clara e diretamente as verdades da Trindade, e a razão é evidente. Era comum entre os povos da época, o culto de vários deuses. Daí a necessidade de se acentuar em Israel, a verdade de que Deus é Um, e de que não havia outro além dele. Apesar da doutrina não ser explicitamente mencionada, sua origem pode ser vista no Antigo Testamento.

            Todos os membros da Trindade são mencionados no Antigo Testamento:

1-    O Pai. (Is. 63.16; Ml 2.10)

2-    O Filho de Jeová. (Sl. 45.6,7; 2.6,7,12; Pv.30.4) – O Messias é descrito com títulos Divinos. (Jr.23.5,6; Is 9.6) Faz-se menção do misterioso Anjo de Jeová que leva o nome de Deus e tem poder tanto para perdoar como para reter os pecados. (Ex.23.20,21).


3-    O Espírito Santo. (Gn 1.2; Is 11.2,3; 48.16; 61.1; 63.10 )

Prenúncios da Trindade veem-se na tríplice bênção de Números 6.24-26 e na tríplice doxologia de Isaías 6.3.

A TRINDADE NO NOVO TESTAMENTO

            Os cristãos primitivos mantinham como um dos fundamentos da fé o fato da unidade de Deus. Tanto ao judeu como ao pagão podiam testificar: “Cremos em um Deus.” Mas ao mesmo tempo eles tinham as palavras claras de Jesus para provar que Ele arrogou a si uma posição e uma autoridade que seriam blasfêmia se não fosse Ele Deus. Os escritores do Novo Testamento usam uma linguagem que indicava reconhecerem a Jesus como sendo “sobre todas as coisas, Deus bendito para sempre” (Rm 9.5). Os cristãos ao conhecerem a Jesus conheciam-no como Deus. Em relação ao Espírito Santo, os primitivos cristãos criam que o Mesmo morava neles, ensinando-os, guiando-os, e inspirando-os a andar em novidade de vida, e não era meramente uma influência ou um sentimento, mas um ser ao qual poderiam conhecer e com o qual suas almas poderiam Ter verdadeira comunhão. Viram também pelas Escrituras, que Ele era descrito, como possuindo os atributos de uma personalidade.

            Vemos então a Igreja se defrontando com as tremendas realidades de que Deus é um, e que o Pai é Deus; o Filho é Deus e o Espírito Santo é Deus. E que essas realidades constituem a doutrina da Trindade. Deus o Pai era para eles uma realidade, o Filho era também uma realidade e igualmente o Espírito Santo era também uma realidade. Chegaram então a única conclusão de que havia na Divindade uma verdadeira, embora misteriosa, distinção de personalidades, e que se tornou manifesta na obra divina para redimir o homem. Várias passagens no Novo Testamento mencionam as três Pessoas Divinas.

Temos: Mt 3.16,17; 28.19; Jo 14.16,17,26; 15.26; II Co 13.14; Gl 4.6; Ef. 2.18; II Ts 3.5; I Pe. 1.2; Ef. 1.3,13; Hb 9.14 )
         
Conclusão

                        Diante de tais verdades acerca de Deus revelado a nós pela sua Trindade Divina, resta-nos somente louvá-lo, pela maneira tão especial que Ele tem se revelado a nós. Revelação esta manifesta pelo seu amor. Temos um Deus com três personalidades distintas, mas que participam juntos da maravilhosa obra de Redenção do homem.


Pr. Waldyr do Carmo
Igreja Casa de Oração Cehab

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