segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

O "EVANGELHO"-SHOW DO MDA DO M12 E DO G12

Modelos como G12, M12 e MDA (Modelo de Discipulado Apostólico) priorizam números, números, números... Seus líderes “decretam” que São Paulo é de Jesus Cristo, que pelo menos 50% de Belo Horizonte já são do Senhor, etc. Mas Jesus não prioriza crescimento numérico! Ele mesmo — que disse “Entrai pela porta estreita”, asseverando que poucos são os que a encontram (Mt 7.13,14) — “dispensou”, ao apresentar à multidão que o seguia por interesse um “duro discurso” (Jo 6.60-66). E Ele estava disposto a “mandar embora”, por assim dizer, os doze apóstolos que restaram, caso não quisessem entrar pela “porta estreita”, mas Pedro disse: “para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna” (vv. 67-69). Embora Deus valorize o crescimento numérico, Ele prioriza o crescimento na graça e no conhecimento do Senhor Jesus.

Se modelos de crescimento como G12, M12 e MDA são tão bons e eficazes, gerando milhões e milhões de pessoas devidamente discipuladas, por que não vemos uma mudança real no comportamento da cristandade brasileira? Onde estão os resultados do tão festejado reavivamento do MDA, por exemplo? Se os cristãos “produzidos” em células e encontros são tão especiais e diferentes dos que frequentam igrejas históricas, tradicionais — que ainda utilizam o “ultrapassado” modelo EBD (Escola Bíblica Dominical) —, onde está o reflexo desse resultado “tremendo” na sociedade brasileira, que vai de mal a pior?

Onde está a igreja de Atos dos Apóstolos, que abalou o mundo por ser cheia do Espírito Santo e de sabedoria e, principalmente, por ter uma boa reputação perante a sociedade? Aquela, sim, crescia espiritual, numérica e geograficamente (At caps. 2-13). Sim, reconheço que as igrejas históricas, tradicionais, poderiam fazer muito mais pela evangelização do mundo e pelo discipulado. Mas, por que, em vez de combatermos a falta de engajamento, temos de adotar modelos de crescimento prioritariamente numérico?

A bem da verdade, o MDA, o M12 e o G12 não são idênticos. Mas esses modelos de crescimento prioritariamente numérico são muito semelhantes. Eles — que pregam um tipo de universalismo — acreditam que, à semelhança de um “rolo compressor”, vão conquistar e dominar o mundo. E, por isso, empregam declarações de fé, “decretos”, como “O Brasil é do Senhor Jesus”. Eles têm alcançado muita gente em razão de oferecerem um evangelho-show, que diz às pessoas o que elas desejam ouvir.

Sinceramente, prefiro o Evangelho da cruz! Prefiro a mensagem “antipática” de Jesus: “Arrependei-vos”. Prefiro o crescimento numérico lento e gradual, mas verdadeiro, ao crescimento rápido e “extraordinário” dos mencionados modelos. Prefiro entrar pela “porta estreita” e andar pelo “caminho apertado” que conduz à vida eterna. Respeito a opinião de todos os leitores, até mesmo dos mais exaltados. Mas não tenho medo de dizer: Deus reprova o evangelho-show! Por quê?

Porque o Evangelho deve ser comunicado, não da maneira que as pessoas desejam ouvi-lo, e sim da maneira que precisam ouvi-lo. O evangelho do entretenimento não produz verdadeiros discípulos de Jesus, como ordena a Palavra do Senhor, literalmente, em Mateus 28.19: “fazei discípulos de todos os povos”. O falso evangelho-show desvia as pessoas da verdade. Ele as distancia da Palavra de Deus e as aproxima do mundanismo. Ele integra, admito, e induz os jovens a dançarem, a balançarem o corpo, a se divertirem, a se alegrarem, a se exibirem, a serem “o povo mais feliz da terra”... Mas estes — ainda que não admitam — continuam vazios, pois o que dá prazer realmente é andar segundo a lei do Senhor (Sl 1.1,2).

Sim, Deus reprova o evangelho-show porque este oferece ao povo o que ele deseja, repito, assim como fez Arão (Êx 32.1-6). Mas esse show precisa acabar. Voltemos a cultuar ao Senhor Jesus em nossas igrejas! Com menos cantoria e mais louvor. Com menos triunfalismo e mais pregação cristocêntrica. Com menos sofisticação e mais simplicidade. Com menos performance gestual e mais quebrantamento do coração. Com menos descontração e mais arrependimento.

Ciro Sanches Zibordi

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